domingo, 13 de novembro de 2011

Breve relato sobre o campesinato Brasileiro

            Quando nos deparamos com o estudo e entendimento a respeito do campesinato, várias são as incógnitas que nos aparecem. No dito popular, o camponês é considerado simplesmente um “caipira”, atrasado, o qual não conseguiu se adaptar ao processo de “modernização no campo”. Porem é importante conhecermos sua realidade, suas lutas, suas resistências e as relações engendradas.
As contraditórias maneiras de se adquirir terras para trabalhar, as condições políticas existentes, os interesses do modelo capitalista, dentre outros fatores.
Para entendermos como se deu o acesso à terra no Brasil, e como ficou a posição do campesinato, é necessário nos reportarmos ao período colonial.
O nosso país foi a partir do século XVI, ocupado por colonizadores de origem européia, os quais exploravam os recursos naturais aqui existentes e retiravam deste solo suas riquezas, para serem utilizados na Europa. Deste modo, a colonização do Brasil ocorreu na forma de exploração e não de colonização para se viver no local.
Foi através das Capitanias Hereditárias que começou a se configurar um novo objetivo para as terras brasileiras. As diferentes formas de apropriação do território brasileiro começam a se configurar, a partir deste viés.
Com a Lei das Sesmarias, a utilização do camponês posseiro, ganha uma atenção por quem era privilegiado por tal Lei, pois neste contexto os camponeses posseiros desbravavam o território, e a qualquer momento poderiam ser expulsos em conseqüência da referida Lei, a partir deste momento já podemos identificar um mecanismo de exploração e dominação.
Com a criação da Lei de Terras, a disputa por dominação de territórios obtém um caráter mais acirrado, pois agora a terra poderia ser obtida por meio da compra. Mesmo com essa mudança, o qual em teoria a terra poderia pertencer a “todos”, nos deparamos com mais uma forma de dominação, pois os antigos escravos, mestiços, indígenas, e camponeses, não tinham condições de comprá-las, sendo este privilégio somente para os que já detinham condições necessárias, para tal validade. Estes se tornavam agregados nas grandes fazendas.
A partir deste momento histórico, é que se configura um novo tipo de camponês, o rendeiro, que são aqueles que, sem condições para obter via compra suas terras, tinham que se sujeitar através do arrendamento, tendo que pagar ao dono da terra pagamento em trabalho ou em produto, pelo uso da terra. É necessário apontar o papel da grilagem, os quais prejudicavam os camponeses, que eram obrigados a deixar a propriedade e se aventurar Brasil adentro em busca de novas terras para trabalhar e se manter.
Nesta etapa, o Brasil passava por um processo de alargamento de suas fronteiras, sendo o camponês posseiro, forma de exploração comum de terras, pois os mesmos sendo expulsos de suas terras viam-se obrigados a se aventurar, por lugares nunca vistos por homens “brancos”. Não se pode desconsiderar, os indígenas neste processo, pois estes já habitavam nestes locais.
O papel do camponês agregado no período colonial tem grande relevância, pois o agregado era explorado basicamente na plantação de lavouras de gêneros alimentícios, os quais eram utilizados para subsistência das fazendas.
Ate antes da Proclamação da Republica, é de extrema relevância, apontar, que a força de trabalho, constituída principalmente pelos escravos, era o fator determinante para se ter o monopólio dos meios de produção, e não monopólio sobre a propriedade privada.
Com o fim do Império e início da Republica, é que se manifestam os conflitos de camponeses pela luta ao direito a terra. Com a Proclamação da Republica em 1889, estabelece-se uma reconfiguração no meio rural, pois é neste período que é transferido do Governo Federal para o Governo dos Estados, a condição de distribuição de terras devolutas. Neste período surgem as grandes oligarquias regionais.
Os interesses políticos, de cunho clientelista, era o que prevalecia. É através desta concepção, que podemos nos atentar para as políticas vigentes em nosso país, sendo que os que governam desde os seus primórdios mandatos, sempre atenderam seus interesses próprios, nunca se importaram para os indivíduos, os quais estavam inseridos nas relações sociais existentes.
Após a Proclamação da Republica iniciam-se as imigrações de estrangeiros para trabalhar no Brasil, com a ilusão de que com muito trabalho, poderiam ter a chance de comprar suas próprias terras.
Ou seja, o camponês, continua sujeito e subjugado aos grandes fazendeiros, pois teriam que dispor de toda a sua força de trabalho para a plantação das lavouras de latifundiários. A partir deste momento surgem as colônias do sul, sendo que a terra torna-se uma mercadoria a partir da Lei das terras, e não mais o trabalho escravo tem esse caráter.
É de suma importância apontar-se esses acontecimentos, ate mesmo para ter-se maior clareza, de quão grande é a força do camponês em manter a resistência, pois as condições como pode-se acompanhar são as mais adversas possíveis.
O Estado tende a reformular maneiras de adaptar o camponês às novas tendências do mercado, e a necessidade da tal modernização, não leva em consideração fatores sociais como dito por Martins, se tornando um problema em meio a essas mudanças tão intensas no campo. É importante ressaltar que a modernização na área urbana só se deu devido as condições favoráveis do campo, atuando como base solida e segura para economia brasileira.
Esse modelo de produção juntamente com a alta tecnologia utilizada no campo, fez com enfraquecesse vínculos sociais exercidos por camponeses, e dessa forma desmantelando a força da comunidade rural, o qual gerou inúmeras mudanças.

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